Levantamento da consultoria Convocados mostra que, entre 2020 e 2024, faturamento com marketing, patrocínios e licenciamento mais que triplicou, apontando um novo caminho para a sustentabilidade financeira dos clubes.
Uma mudança silenciosa, mas profunda, está redesenhando o mapa financeiro do futebol brasileiro. Durante décadas, os direitos de transmissão televisiva foram o pilar central da receita dos clubes, mas esse cenário começou a mudar. Um novo levantamento da consultoria Convocados, especializada em finanças do esporte, confirma com números: o verdadeiro motor de crescimento dos clubes de elite do Brasil já não está mais na TV, e sim nas receitas comerciais.
O estudo aponta que, entre 2020 e 2024, o faturamento dos clubes com propriedades comerciais, como patrocínios, licenciamento e marketing digital, mais do que triplicou.
A Virada em Números: Comercial x TV
Os dados da consultoria Convocados são claros ao mostrar a disparidade no ritmo de crescimento das duas principais fontes de receita do futebol nacional:
- Receitas Comerciais: Saltaram de R$ 530 milhões em 2020 para R$ 1,63 bilhão em 2024. Um crescimento superior a 200% em apenas quatro anos.
- Direitos de TV: Também registraram aumento, passando de R$ 2,15 bilhões para R$ 3,26 bilhões no mesmo período. No entanto, o ritmo de crescimento foi significativamente mais lento, na casa dos 51%.
A mensagem é inequívoca: enquanto a receita de transmissão segue relevante, o potencial de expansão exponencial agora reside nas estratégias comerciais bem executadas.
Flamengo e Betano: O Exemplo que Dita a Tendência
Para materializar essa nova realidade, basta olhar para um dos contratos mais inovadores do mercado: a parceria entre Flamengo e a casa de apostas Betano. O acordo vai além de um valor fixo estampado na camisa.
Ele atrela parte da receita a bônus por performance comercial, como o número de camisas vendidas e a quantidade de novos usuários cadastrados na plataforma através dos canais do clube. Este modelo transforma um patrocínio tradicional em uma parceria estratégica e escalável, onde o clube se torna um agente ativo na geração de receita, algo comum nos gigantes europeus.
O Futuro é Digital e Diversificado
A conclusão do levantamento é que a “TV-dependência” está com os dias contados. O futuro financeiro dos clubes brasileiros depende, cada vez mais, da capacidade de diversificar suas fontes de receita e investir em áreas como marketing digital, análise de dados, programas de sócio-torcedor robustos e parcerias estratégicas que explorem a força de suas marcas e o engajamento de suas torcidas.