Em coluna, Lúcio de Castro argumenta que, apesar da atuação ruim, o Rubro-Negro superou não apenas o Estudiantes em campo, mas também um poderoso jogo de bastidores que envolve o presidente da Argentina, a privatização do futebol e a Conmebol.
A classificação heroica do Flamengo para a semifinal da Libertadores, conquistada nos pênaltis contra o Estudiantes, foi uma vitória que vai “muito além do futebol”. A análise é do jornalista Lúcio de Castro, em sua coluna no portal Lance!. Para ele, o time carioca, mesmo jogando mal e “sem coração”, derrotou um adversário que hoje representa um forte e poderoso projeto político-econômico na Argentina.
Segundo o colunista, o Estudiantes se tornou o “garoto-propaganda” do presidente argentino Javier Milei em sua cruzada para privatizar os clubes de futebol no país, transformando o confronto em uma batalha de bastidores.
A Crítica ao Futebol: “Faltou Coração”
Antes de entrar na análise política, Lúcio de Castro é duro ao criticar a performance do Flamengo em campo. Para ele, o time “quase pagou muito caro” por uma atuação com “falta de ímpeto, falta de intensidade, devendo em coração”, algo que considerou “não razoável” para um elenco tão qualificado.
“Muito Além do Futebol”: A Tese de Lúcio de Castro
O ponto central da coluna é a tese de que o Estudiantes entrou em campo carregando uma bandeira política. O clube, presidido pelo ex-jogador Juan Sebastián Verón, se alinhou a Javier Milei para se tornar um modelo de clube-empresa (SAD), em um país onde a cultura de associação dos torcedores é muito forte.
Segundo o jornalista, essa aliança atraiu investidores estrangeiros, como o “Grupo Gillet”, que teriam feito um aporte milionário no clube para torná-lo um case de sucesso e, assim, fortalecer a agenda de privatização de Milei. O colunista ainda sugere que a Conmebol, sob o comando de Alejandro Domínguez, estaria alinhada a esses interesses.
A Vitória sobre o “Sistema”
Nesse contexto, a conclusão de Lúcio de Castro é que a vitória do Flamengo ganha uma dimensão “gigante”.
“Faltou e falta muita coisa a esse Flamengo (…). Mas é difícil não reconhecer: passou por onze em campo, um alçapão que pulsa, Milei, sua trupe e os milhões no fim do túnel da CONMEBOL“, escreveu o jornalista. “Os pênaltis que pararam na mão de Rossi, o surrado personagem da vez que ontem foi de vilão a herói, tiraram um doce precioso da boca de Milei. Não é pouca coisa.”
Para o colunista, o Flamengo, mesmo sem querer, venceu também um pesado jogo de bastidores.