Bastidores da crise: como Renato Gaúcho sobreviveu a motim pós-Mundial, mas caiu por atritos e pressão

Pedido de demissão após a queda para o Lanús foi o estopim de uma relação que já vinha se desgastando há meses com o elenco. Insatisfação com rodízio excessivo e falta de orientação tática minaram o trabalho do treinador.

O pedido de demissão de Renato Gaúcho na noite de terça-feira (23) pegou a diretoria do Fluminense de surpresa, mas a decisão do treinador foi o capítulo final de uma crise que se arrastava nos bastidores há quase dois meses. A eliminação para o Lanús na Copa Sul-Americana foi apenas o estopim.

Uma apuração do ge revela que o técnico já havia sobrevivido a uma crise interna ainda mais forte após o Mundial de Clubes e que uma série de atritos com o elenco minaram a relação, culminando no desabafo explosivo sobre as redes sociais e os gritos de “burro” da torcida.

A Crise Pós-Mundial e a “Salvação” em Porto Alegre

O desgaste começou após a boa campanha no Mundial de Clubes. Uma sequência de derrotas no Brasileirão gerou uma forte insatisfação interna no elenco. As principais queixas dos jogadores eram o rodízio excessivo de atletas e a falta de orientações táticas mais detalhadas para corrigir os problemas do time.

A crise atingiu seu ápice no final de julho. Com o cargo seriamente ameaçado, Renato foi para o jogo de ida das oitavas da Copa do Brasil, contra o Internacional, em Porto Alegre, pressionado. A vitória por 2 a 1 no Beira-Rio salvou seu emprego e iniciou uma sequência positiva que acalmou os ânimos temporariamente.

Os Atritos que Minaram a Relação

Mesmo com a melhora nos resultados, a relação entre técnico e jogadores seguiu com ruídos. Pequenos episódios foram aumentando o desgaste:

Photo by Ruano Carneiro/Getty Images
  • O “Caso do Vídeo”: Após um gol sofrido no fim de um jogo, Renato exibiu um vídeo ao elenco reclamando do lance, mas sem explicar o erro tático, o que irritou alguns atletas.
  • A Troca contra o Lanús: No jogo de ida, na Argentina, ele sacou Martinelli, que jogava bem. A justificativa de que o jogador parecia “cansado” não repercutiu bem internamente.
  • As Coletivas: Declarações frequentes culpando erros individuais e afirmando que “no campo são eles que resolvem” passaram a ser vistas como uma forma de expor o elenco publicamente.

O Estopim: A Eliminação e as Vaias

Apesar dos atritos, o trabalho era considerado positivo pelos resultados nas copas. No entanto, a eliminação para o Lanús e, principalmente, as vaias e os gritos de “burro” no Maracanã foram o gatilho final para Renato. Incomodado, ele desabafou no vestiário que o futebol brasileiro estava “insuportável” e decidiu entregar o cargo, anunciando sua decisão de forma surpreendente no final da entrevista coletiva.

Agora, o auxiliar Marcão assume o time interinamente para o clássico contra o Botafogo, no domingo, enquanto a diretoria busca um novo treinador.

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